A adolescência é uma fase da vida pautada por ambiguidades e contradições. Existe uma grande mudança em relação ao mundo que o indivíduo conheceu enquanto criança: mudam as relações com os pais, com o grupo de pares, muda o corpo, mudam as vontades…
Acompanhando todas estas mudanças, encontramos sentimentos de angústia, de confusão e, muitas vezes, de incapacidade de decidir o que fazer relativamente ao futuro. Estes sentimentos tornam-se especialmente relevantes quando o adolescente está inserido num seio familiar que também está em crise (divórcio, violência doméstica, doença ou morte de um familiar, alcoolismo e outros consumos..).

A depressão neste período difere bastante da depressão do adulto, podendo, por exemplo, revelar-se através de comportamentos turbulentos e agitados. É, por vezes, difícil de identificar dadas as alterações frequentes do humor, que são características desta etapa da vida.

Mesmo assim, existe um conjunto de aspectos a que pais, professores e todos aqueles que lidam com adolescentes devem estar atentos e que, podendo não ser preocupantes quando surgem isoladamente e por um curto período de tempo, são indícios que o adolescente se encontra face a uma situação problemática, e que necessita de apoio:

  • Sensação de cansaço inexplicado
  • Pouca confiança em si próprio
  • Sensação de insucesso, de não ser valorizado, de “não prestar para nada”
  • Falta de perspectivas para o futuro
  • Baixa auto-estima
  • Dificuldades em conciliar o sono (insónias)
  • Dores em localizações diversas e, muitas vezes alternadas (cabeça, barriga, costas, pontadas no peito).
  • Perda de apetite e consequente perda de peso, ou pelo contrário, aumento significativo do apetite e do peso, com dificuldade de controlo
  • Quebra no rendimento escolar
  • Dificuldades de concentração
  • Comportamentos agressivos e violentos com passagens ao acto frequentes
  • Pensamento lentificado
  • Isolamento extremo
  • Desinvestimento súbito na aparência física

O meu filho parece deprimido, como gerir a situação?

  • Em primeiro lugar deve sempre procurar conversar com o(a) seu (sua) filho(a) e mostrar-se disponível para o ouvir. É importante salientar que para além da figura de pai/mãe, existe uma pessoa que também já viveu a adolescência e os seus problemas e que, está disposta a partilhar experiências de vida.
  • Evite julgar ou aproveitar o que lhe é confiado, neste momento, pelo(a) adolescente para aplicar castigos, caso contrário, dificilmente voltará a confiar.
  • Marque uma consulta com o seu médico assistente e/ou peça o agendamento de uma consulta de psicologia (centros de apoio ao adolescente, consulta de psicologia do centro de saúde ou hospital da área ou consulta privada).O profissional especializado nesta área fará um despiste inicial e poderá averiguar a gravidade da situação.