Nos últimos anos têm surgido inúmeros movimentos Slow – correntes ideológicas que apelam aos benefícios de uma vida mais tranquila, mais harmoniosa e, no fundo, mais consciente e focada nos valores que nos são importantes.

Mais recentemente, tenho ouvido falar muito em Slow Parenting – ou movimento Pais sem Pressa, o que me pareceu um conceito bastante interessante e me levou a investigar e a querer partilhar convosco um pouco sobre este movimento, que vai muito de encontro à abordagem que faço à parentalidade.

Se diz muitas vezes para si próprio “É sempre tudo a correr…” ou “Não tenho tempo para nada!” e sente que o tempo em família é passado sobretudo no carro, a correr de compromisso em compromisso ou na rotina banhos-jantar-cama, provavelmente sente que necessita de uma nova forma de encarar o dia-a-dia que lhe(vos) permita  usufruir mais dos tempos em família.

O Slow Parenting nasceu nos Estados Unidos e tem como um dos principais impulsionadores, Carl Honoré, um jornalista e escritor que se dedica a difundir a mensagem Slow nas suas diferentes vertentes.

De uma forma muito simples, este movimento Pais sem Pressa, apela a uma desacelaração do ritmo a que vivemos o dia-a-dia em família e à de uma consciencialização plena nas escolhas que fazemos para o nosso tempo.

Com esta abordagem, procuramos introduzir progressivamente mais tempo de qualidade através da simplificação do dia-a-dia da criança. Aqui o tempo de “não fazer nada” ganha um papel central. Ao contrário da cultura de eficiência e produtividade máxima em que vivemos actualmente, defende-se a criação de um tempo para apenas estar e ser, em família – para conversar, jogar um jogo, pintar ou brincar sem estrutura nem objectivo predefinido. Da mesma forma, defende-se que a criança deverá ter, diariamente, tempo não estruturado para estar e que devemos deixá-la aprender a gerir o tédio, pois este é o berço da criatividade.  Para tal, os impulsionadores do movimento alertam para o facto que as crianças até aos 5 anos não necessitam de actividades estruturadas e devem ser deixadas a brincar livremente. Por outro lado, afirmam que  as actividades extra-curriculares das crianças em idade escolar deverão ser limitadas de forma a que a criança tenha tempo livre todos os dias e que a opinião da criança deverá ser sempre tida em conta nas escolhas destas actividades.

Outra questão central é o respeito pelo ritmo de desenvolvimento da criança. Hoje em dia, os pais são bombardeados com tabelas de crescimento, etapas de desenvolvimento e toda uma parafernália comparativa que serve, sobretudo para aumentar os niveis de ansiedade parental e criar pressão desnecessária sobre pais e criança, levando muitas vezes a situações de sobrestimulação e stress infantil. Este movimento defende que a estimulação seja feita ao ritmo e de acordo com o interesse da criança, deixando-a livre para que se aproprie dos conhecimentos e competências no momento correcto para si.  A comparação sempre foi inimiga da felicidade e, quando falamos de desenvolvimento infantil, esta máxima tem de ser tida como regra fundamental.

Ser um Pai sem Pressa passa ainda por investir em estar mais presente emocionalmente, sem telemóveis (quantas vezes já demos connosco de telemóvel na mão enquanto brincávamos com os nossos filhos), sem multitasking, sem stress.  É reservar um pouco de nosso tempo para estarmos totalmente presentes e focados no momento.

Esta é, sem dúvida, uma abordagem muito interessante e, embora compreenda que é difícil simplificar, dado o ritmo a que as nossas vidas se desenrolam, penso que este conceito de “desacelerar”, pode tornar-se numa das mais impactantes decisões que podemos tomar no caminho do nosso bem-estar e do desenvolvimento harmonioso dos nossos filhos.

Convido-vos também a investigar e a conhecer mais sobre este tema.

 

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